by Claudio Erlichman. Now on stage at BTG Pactual Hall, the production runs until December 21st.
São Paulo, Brazil — Nearly six decades after it first electrified audiences Off-Broadway, Hair — the rock musical that defined a generation — is back in a bold new Brazilian production, proving that its message of peace, love, and rebellion remains timeless. Directed by Charles Möeller & Claudio Botelho and produced by Aventura (Aniela Jordan and Luiz Calainho), the show premiered in São Paulo on October 24 at the BTG Pactual Hall (formerly Teatro Alfa), after a successful Rio de Janeiro run.
With a cast of 30 vibrant performers, the production bursts with energy, featuring global anthems like “Aquarius” and “Good Morning, Starshine”. Lead actors Rodrigo Simas (Berger) and Eduardo Borelli (Claude) bring depth and charisma to their roles, joined by a talented ensemble that embodies the spirit of youth, freedom, and defiance that made Hair a cultural milestone.
Originally written by Gerome Ragni and James Rado, with music by Galt MacDermot, Hair was born from the chaos and creativity of the late 1960s — a time of antiwar protests, sexual revolution, and the rise of counterculture. This new Brazilian staging captures that same spirit, blending dazzling visuals, live rock music, and a message that feels just as urgent today: a cry for empathy, equality, and human connection in turbulent times.
More than a musical, Hair remains a ritual of collective awakening — one that invites the audience to sing, dance, and, of course, "Let the Sunshine In".
O lendário musical Hair retorna aos palcos com toda a sua energia vibrante, espírito rebelde e apelo atemporal à paz e ao amor. O espetáculo marca a inauguração do novo BTG Pactual Hall, o antigo Teatro Alfa, ficando em cartaz até 21 de dezembro. Rodrigo Simas e Eduardo Borelli protagonizam a montagem, que fez uma temporada de sucesso no Rio de Janeiro.
Deixe o Sol entrar – Uma inovação nos costumes
Com música de Galt MacDermot (1928-2018), letras e libreto de Gerome Ragni (1935-1991) e James Rado (1932-1922), Hair, mais como um produto do seu tempo, tomou corpo graças ao turbilhão emocional dos anos da Guerra do Vietnã, com seu concomitante movimento anti-estabilishment que produziu uma geração riponga socialmente desligada, de drogados e adeptos do amor livre. Despido de uma história linear perceptível, este musical de estrutura vaga celebrou o modus vivendi desregrado de hippies e “flower children” que saudavam a aurora da Era de Aquarius se opondo à corrente, ao recrutamento militar, ao trabalho ético e o aceitar das normas de comportamento e padrão de vestimentas estabelecidas. Hair foi o primeiro “rock musical”, o qual foi seguido por sucessos como JC Superstar e Godspell, e fracassos como Dude, e que lançou as bases para o vencedor do Prêmio Pulitzer, RENT.
“The American Tribal Love — Rock Musical” (como era creditado) foi primeiro apresentado em 29 de outubro, de 1967, sob a direção de Gerald Freedman no New York Shakespeare Festival, do Public Theatre, do lendário produtor teatral Joseph Papp (1921-1991), como seria com A Chorus Line mais tarde. Com ingressos à U$2,50, Hair permaneceu lá por um mês e meio indo posteriormente para um nightclub da Broadway chamado Cheetah. Naquele ponto, Michael Butler (1926-2022), um produtor novato, ainda na casca, levou o show para os palcos da Broadway, no Baltimore Theatre, lá estreando em 29 de abril de 1968 (data escolhida astrologicamente), onde Hair foi ‘redirigido’ (por Tom O’Horgan), ‘recoreografado’ (por Julie Arenal), ‘recenografado’, ‘refigurinado’, ‘reiluminado’, ‘reorquestrado’ e sofreu mudanças inclusive no elenco, onde até o co-autor James Rado tomou parte, fazendo o papel do convocado Claude Bukowsky que passa suas últimas horas de civil com uma tribo de hippies. Também fizeram parte do elenco original Paul Jabara (1948-1992), Diane Keaton (1946-2025), Melba Moore, Gerome Ragni e Lamont Washington, e mais tarde Ben Vereen, Keith Carradine, Barry McGuire, Ted Lange e Meat Loaf (1947-2022). Durante a sua temporada de quatro anos – a quarta de maior duração dos anos 60 (com 1.750 representações) – Hair atingiu algo como uma ruptura na Broadway ao terminar o primeiro ato na semi-escuridão com a maior parte do elenco nu. Sim, uma cena de nudez num musical! A música era tão moderna quanto as que tocavam na rádio, e não tão antiga quanto a maioria dos musicais dos anos 60. Por causa do sexo (há uma música chamada "Sodomia"), das drogas (há uma música chamada "Haxixe") e do rock’n’roll (toda a trilha sonora!), Hair era o show para se ver se você fosse jovem. Por isso tudo e por introduzir o rock’n’roll definitivamente nos palcos, Hair também marca o final da Era de Ouro dos musicais da Broadway.
Quando a peça saiu em turnê pelos Estados Unidos, seus produtores chegaram a sofrer ações legais por práticas obscenas e desrespeito à bandeira americana, chegando à Suprema Corte. Uma remontagem em 1977, não fez muito sucesso, encerrando após 43 apresentações. Em setembro de 2004, uma apresentação especial de apenas uma única noite teve, com vários elencos de Hair, as participações de Shoshana Bean, Liz Callaway, Lea DeLaria, Raul Esparza, Harvey Fierstein, Ana Gasteyer, Jennifer Hudson, RuPaul, Lillias White e Jessica Walker entre muitos outros; e a mais recente, que conquistou o Tony de Melhor Remontagem. A montagem londrina, de 1968, que também teve problemas com a censura de Lord Chamberlain, superou ainda mais a da Broadway em números de apresentações: num total de 1.997; só encerrando forçadamente porque o teto do Shaftesbury Theatre ruiu! Sonja Kristina, Paul Nicholas, Richard O'Brien, Melba Moore, Elaine Paige, Paul Korda e Tim Curry faziam parte da Tribo. Em 2005 houve outra versão londrina ambientada na Guerra do Golfo com críticas muito desfavoráveis.
Paz, amor e cinema: dos palcos para à tela
Em 1979 veio a ótima versão para o cinema, com direção de Miloš Forman (1932-2018 - Amadeus, Um Estranho No Ninho, O Mundo de Andy) trazendo nos papéis principais John Savage, Treat Williams (1951-2023 - num Berger ideal), Beverly D’Angelo e, Melba Moore e Ronnie Dyson (do elenco original como solistas do eletrizante '3-5-0-0'). Com uma história mais consistente que a versão teatral (brilhantemente adaptada pelo roteirista Michael Weller), além de uma coreografia inspiradíssima de Twyla Tharp, dançada pela Twyla Tharp Dance Foundation, o filme acabou virando um cult para muitos e com certeza é um dos melhores filmes musicais dos anos 70. Curiosamente Madonna e Bruce Springsteen fizeram teste para o filme e é a voz de Betty Buckley que ouvimos quando a menina vietnamita canta “Walking In Space”.
No Brasil e no mundo: a celebração da vida e da libertação
Logo Hair teve encenações ao redor do mundo. A produção alemã incluiu Donna Summer (1948-2012), e a australiana teve Sharon Reed em suas tribos. A produção da ex-Iugoslávia é tida como a predileta dos autores Rado e Ragni. A primeira num país comunista lançava farpas a Mao Tsé-Tung e à tradicional rival Albânia. No México, depois da primeira apresentação, a peça foi proibida pelo governo e os atores ameaçados de prisão tiveram que deixar o país. Também foi montada com sucesso na Suécia, Argentina, Finlândia, Itália, Israel, Japão, Holanda e Suíça dentre outros, totalizando, nos anos 70, 19 produções fora dos EUA.
No Brasil não seria diferente. Em plena ditadura militar estrearia por aqui em 8 de outubro de 1969, no antigo Teatro Aquarius (depois Teatro Záccaro), em São Paulo, por iniciativa de Ademar Guerra (1933-1993), que a dirigiu. Tendo a coreografia de Márica Gidali e a versão para o português de Renata Pallotini (1931-2021), a lendária produção da peça teve que travar uma batalha com a censura de então e a famosa cena de nudez só seria permitida durante um minuto com os atores completamente imóveis! Contudo o tratamento dado por Ademar caiu no gosto do público e da crítica entrando para a história do teatro brasileiro, lançando vários jovens atores e atrizes que se tornariam famosos. O elenco inicial era composto por Armando Bogus (1930-1993), Maria Helena Dias (1931-2023), Altair Lima (1936-2002), Benê Silva (1941-2011), José Luiz França, Neusa Maria, Marilene Silva, Laerte Morrone (1932-2005), Aracy Balabanian (1940-2023), Gilda Vandenbrande, Bibi Vogel (1942-2004), Acácio Gonçalves (1951-1992), Helena Ignez e Pingo. Durante muito tempo acreditou-se que Sônia Braga, nos seus 18 anos teria chamado a atenção de Caetano Veloso que para ela teria composto mais tarde: “Uma tigresa de unhas negras e de íris cor do mel (...) que trabalhou no Hair”. Hoje sabe-se que a homenageada foi Zezé Motta. Durante a temporada, que terminou em 1972, outros atores como Ariclê Perez (1943-2006), Edyr Duqui (1946-2019 - de As Frenéticas), Antonio Fagundes, Nuno Leal Maia, Ney Latorraca (1944-2024), Denis Carvalho, Buza Ferraz (1950-2010), Rosa Maria, Esther Góes, Renato Borghi, Francarlos Reis (1941-2009), José Wilker (1944-2014), Neusa Borges e Wolf Maia vieram a fazer parte da Tribo. Ricardo Petraglia, então com 19 anos, ganhou o prêmio da crítica de ator revelação pelo seu Woof, o jovem bissexual tarado por Mick Jagger. Praticamente um ato de resistência, o espetáculo ficou três anos em cartaz e fez turnê pelo país.
Em 1978 estrearia Hair II, produzida por Altair Lima, dirigida por Silney Siqueira (1934-2013) e coreografia de Nelly Laport (?-2006), primeiro no Pavilhão das Convenções do Anhembi e posteriormente no Teatro Ruth Escobar, em São Paulo. Repetindo o sucesso de público seus atores, entretanto continuariam desconhecidos. Encabeçada por Rubens Caribé (1965-2022 - em seu trabalho de estreia), Vera Mancini, Édson Cordeiro e Creso Filho entre outros, com direção do consagrado Antônio Abujamra (1932-2015) e versão para o português de Consuelo de Castro (1946-2016), uma nova e desastrosa produção no estilo ópera-rock seria realizada em 1987, no Teatro Jardel Filho (atual Teatro Nissi), onde, na tentativa de modernizar a peça, ao invés de hippies tínhamos uma Tribo incoerente de punks, darks e metaleiros de boutique. Claro que não deu certo. Em 17 de novembro de 1993, também em São Paulo, inaugurando o extinto galpão de shows Music Hall, nos Campos Elíseos, foi a vez do competente e bem sucedido diretor de telenovelas Jorge Fernando (1955-2019) realizar sua grandiosa montagem new age de U$500.000,00, com versão do saudoso Zé Rodrix (1947-2009) e cenários de tirar o fôlego, iluminação de primeira, figurinos hippie chique e atores musculosos como Matheus Carrieri e Ricardo Macchi, na Tribo, além dos talentos de Débora Reisi, Roberto Bataglin, Andréa Marquee, Edson Montenegro, Adriana Capparelli, Fernando Patau, Neil Marcondes e Thalma de Freitas num total de 26 atores. No dia 5 de novembro de 2010 estreou, no Teatro Oi Casa Grande, no Rio, a versão de Möeller & Botelho para o musical. Baseado na versão da Broadway de 2010, dirigida por Diane Paulus que ganhou o Tony de Melhor Remontagem, teve cerca de cinco mil candidatos inscritos para a audição de olho em uma das 30 vagas. A montagem foi protagonizada por Hugo Bonemer (Claude), Igor Rickli (Berger), Carol Puntel (Sheila), Letícia Colin (Jeanie), Marcel Octávio (Woof), Reynaldo Machado (Hud), Tatih Köhler (Crissy) e Karin Hyls (Dionne). A Tribo foi formada por atores, cantores e bailarinos do Rio e São Paulo. O espetáculo alcançou grande sucesso, sendo visto por 102.700 espectadores. Na montagem paulistana, 16 mudanças foram feitas no elenco, entre elas a da atriz Kiara Sasso, que entrou para interpretar Jeanie. Finalmente em 2017, comemorando o cinquentenário do musical, a Cena em Sol Produções estreou na Cia. da Revista uma montagem com direção de Rafael Pucca, direção musical de Thiago Perticarrari e versões de Giulia Nadruz.
2025: Um revival que desperta o espírito de uma geração
Se os planetas realmente se alinharam quando Hair estreou em São Paulo, é porque esta nova montagem é simplesmente cósmica. Sob a inspirada encenação da dupla Charles Möeller & Claudio Botelho, o lendário musical rock não apenas retorna — ele explode no palco do recém-inaugurado BTG Pactual Hall (antigo Teatro Alfa) gerido pela produtora Aventura, dos empresários Aniela Jordan e Luiz Calainho. Em uma fusão deslumbrante de cor, rebeldia e emoção pura, e após uma longa temporada de sucesso no Rio de Janeiro, o musical finalmente tomou a cidade na última sexta-feira 24 de outubro.
Möeller é daqueles diretores raros que se preparam arduamente antes de cada montagem, lendo tudo o que é possível relacionado ao assunto e até o que não tem, aparentemente, relação alguma. Estas informações todas, combinadas à potencialidade criativa da dupla, num verdadeiro processo de brainstorm, colocam-se a serviço de suas peças, e o resultado é aquilo que a gente se acostumou a assistir: uma grande produção teatral de muito sucesso e qualidade inquestionável que a cada nova montagem se supera. Uma produção tão intelectualmente rica quanto visceralmente empolgante. Isto sem falar das acuradas versões brasileiras de Botelho que as aprimorou para esta versão. Assim nesta montagem de Hair temos uma parábola, uma leitura semiótica cristã-shakespereana, onde a Tribo teria um paralelo à Paixão de Cristo sendo Berger o João Baptista (Rodrigo Simas), e Claude, Jesus. Assim o “Cristo” de Eduardo Borelli é profundamente hamletiano, dilacerado por suas angústias e fantasmas interiores, em uma atuação de notável verdade e entrega emocional. Sua interpretação de “Pra Onde Eu Vou?” (“Where Do I Go?”), que encerra o primeiro ato, é um dos momentos mais comoventes do espetáculo — uma combinação de beleza vocal, timbre expressivo e intensidade dramática. No segundo ato, a sequência da viagem lisérgica de Claude é arrebatadora, tanto pela força visual quanto pela entrega do ator. Claude surge como um jovem dividido entre dois mundos: de um lado, a pressão dos pais para que se aliste no exército e vá lutar no Vietnã; de outro, a sedução dos hippies, que o convidam a romper com todas as convenções sociais. Nesse conflito, ele se revela não apenas o líder simbólico da Tribo, mas também seu centro moral, o espelho das contradições e esperanças de uma geração. Um jovem dilacerado entre o dever e a liberdade, a guerra e a paz, o medo e o amor.
Rodrigo Simas mostra-se completamente à vontade no papel, encarnando um Berger carismático e irresistível, que transborda energia subversiva em números como “Donna” e “Tenho Mais Vida” (“I Got Life”). Desde suas primeiras aparições em cena, ele conquista a plateia com naturalidade e humor, estabelecendo o tom leve, provocador e contagiante que permeia todo o espetáculo. Com empatia, sensualidade e uma presença magnética, Simas assume aquele que talvez seja seu papel mais desafiador no teatro musical — o de um Berger irreverente, anti-establishment e dono de um espírito livre, que largou a faculdade e se tornou o membro mais expressivo e provocador da Tribo, símbolo vivo da rebeldia e da liberdade que definem a era de Hair. Pietro Dal Monte é engraçado e cativante como Woof, sobretudo nos números Sodomia e Hair, uma alma andrógina e gentil alucinado por Mick Jagger. Thati Lopes, gestante na vida real, está divertidíssima como Jeanie a grávida-chapadona-radioativa. Beatriz Martins emociona sempre que surge durante o musical, desde sua primeira aparição cantando a icônica música Aquarius. Estrela Blanco, que fez parte da Tribo na montagem anterior, nesta faz Sheila, a menina rica que protesta contra a guerra, tendo seu grande momento no solo Tem Alguém Aqui (Easy to be Hard) onde canta muito e sua interpretação em Bom Dia, Estrela (Good Morning, Starshine) é entregue com doçura. Grandes momentos também cabem a Lola Borges em Brancos (White Boys), Drayson Menezes como o militante Hud em Cara de Quê? (Colored Spade). Também não podemos deixar de destacar Wagner Lima que interpreta em drag e com muito humor Margaret Mead, não a famosa antropóloga, mas quase, uma turista, uma mulher mais velha que tenta compreender a geração mais nova roubando a cena e fornecendo uma perspectiva única sobre o movimento da contracultura e Thuany Parente, um dos pontos altos do espetáculo, no papel de Sarah Bukowsky, mãe de Claude. Thuany com seu star quality faz de um papel geralmente menor algo marcante. Na verdade é uma injustiça não destacar a todos da Tribo também composta por elenco numeroso e diverso: Giovanna Rangel (Crissy), Beatriz Martins (Dionne), Vinicius Cafer (Peter) e Rafa Vieira (Hubert), além de Gabi Porto, Murilo Armacollo, Celso Luz, Milena Mendonça, Vicenthe Delgado, Gabriel Vicente, Andreina Szoboszlai, Caio Nery, Carol Lippi, Felipe Mirandda, Fiu Souza, Gabriel Querino, Henrique Reinesch, Kabelo, Karine Bonifácio, Lolo Fraga e Tai Martins.
Visualmente, o espetáculo é uma viagem — literalmente. O universo imagético de Charles Möeller se reflete na parte técnica e artística do show, seja em efeitos coloridos no festival Hare Krishna, no uso de lanternas, flores para o público, a neve na plateia, a barra suspensa no número Não Tenho (Ain’t Got No) ou na plasticidade muitas vezes renascentista que criou em certas cenas contrastando com o operístico cenário de Nicolás Boni, de um grande teatro barroco abandonado, servindo de comuna hippie para a tribo. Um cenário impactante e imponente, talvez um espelho às avessas transportando o público para dentro da cena, ou uma metáfora da decadência que Império Americano passava no final dos anos 1960? Tamanho cenário também se vale de um enorme telão de LED de alta definição para projetar outros ambientes como a casa dos pais de Claude, o metro e as ruas de NY, sempre de forma decadente, ou um deslumbrante templo hindu, além de vídeos documentais de época e outro nostálgico no número Frank Mills. (Aliás este cenário também ficaria incrível numa montagem de Follies. O sonho deste mortal é vê-lo encenado por aqui sob o comando da M&B! #ficaadica) O desenho de vídeo — por Boni, Plínio Hit e Alba Trapero Garcia — é muito bem integrado às cenas além de serem primorosos adicionando dinamismo à ação e imergindo o público na história. Os figurinos hippie chique, também de Charles Möeller são estilosos e coloridos, de grande efeito cênico, combinando o estilo dos anos 1960 e o étnico com a essência de liberdade daquele momento. São de Alonso Barros as coreografias energéticas, vibrantes e repletas de vivacidade com a dança entusiasmada e alegre do elenco. Em sequências como a "viagem lisérgica" e no “festival Hare Krishna” por exemplo, brilham de forma fluida e criativa. São coreografias soltas, muito livres valorizando o espírito rebelde do espetáculo, fazendo um uso único e integrado de todo o grandioso palco. A direção musical e os arranjos de Marcelo Castro são excepcionais. Sob sua batuta, a produção vibra com energia contagiante, misturando rock, gospel, mantras orientais, jazz e folk em uma paisagem sonora que soa ao mesmo tempo fresca e atemporal. Cada arranjo é cuidadosamente esculpido para servir ao arco emocional da história, enquanto a interação dinâmica entre instrumentos e vozes cria uma sensação de profundidade e entusiasmo, graças ao desenho de som de André Breda. A banda ao vivo no cenário, com o maestro em cena, amplia o impacto. Sua performance vigorosa, repleta de precisão e paixão, ancora a grandiosidade do show em uma riqueza musical impressionante. Com supervisão musical de Claudio Botelho os vocais alcançam um equilíbrio perfeito entre potência e sutileza, elevando cada número com clareza e emoção genuína. O resultado é uma euforia sonora, uma experiência musical eletrizante que reaviva a mensagem universal do musical — uma fusão de excelência técnica e sensibilidade artística que transforma o som em narrativa — um verdadeiro show que nos lembra por que essa trilha sonora mudou os musicais para sempre. A iluminação de Vinicius Zampieri constrói com precisão visual a jornada emocional e sensorial do espetáculo. Seus efeitos psicodélicos vibrantes capturam o espírito alucinatório e libertário da contracultura dos anos 1960, traduzindo em luz as “viagens” dos personagens e a energia caótica do período. Zampieri conduz o olhar do público entre extremos — do brilho intenso e colorido desde a vibe festiva das cenas iniciais com grandes números de conjunto à escuridão pungente das cenas mais íntimas e sombrias no Ato II. Esse contraste, especialmente evidente na cena final do primeiro ato e no desfecho com Deixe O Sol Entrar (Let the Sunshine In), reforça a transição do êxtase para a desilusão, do sonho coletivo à realidade crua. A iluminação, mais do que um elemento técnico, atua como narrativa emocional, moldando o clima e a atmosfera de cada momento e guiando o público em uma viagem sensorial de beleza, caos e reflexão.
Deixe-se levar pela mensagem de tolerância, paz e amor que Hair irradia, e não hesite em cantar junto o icônico mantra “Deixe o Sol Entrar” (Let the Sunshine In) no final — um momento catártico e emocionante, em que o público e o elenco se tornam um só coro de luz e energia no palco. É uma experiência que certamente ficará na memória. Com um elenco jovem, talentoso e visceral, que não apenas interpreta, mas vive intensamente seus papéis — com entrega, vulnerabilidade e verdade — o espetáculo reafirma o poder transformador da arte. E, sim, quando até a nudez se torna expressão de liberdade e autenticidade, é sinal de que estamos diante de um show que desafia, encanta e liberta. O que mais você pode querer de um musical?
HAIR
Um espetáculo de Charles Möeller & Claudio Botelho
Uma superprodução Aventura
Direção: Charles Möeller
Versão Brasileira e Supervisão Musical: Claudio Botelho
Elenco: Rodrigo Simas (Berger), Eduardo Borelli (Claude), Estrela Blanco (Sheila), Thati Lopes (Jeannie), Drayson Menezes (Hud), Giovanna Rangel (Crissy), Beatriz Martins (Dionne), Pietro Dal Monte (Woof), Thuany Parente (Sarah), Vinicius Cafer (Peter), Wagner Lima (Margaret Mead) e Rafa Vieira (Hubert), além de Gabi Porto, Murilo Armacollo, Celso Luz, Milena Mendonça, Vicenthe Delgado, Gabriel Vicente, Andreina Szoboszlai, Caio Nery, Carol Lippi, Felipe Mirandda, Fiu Souza, Gabriel Querino, Henrique Reinesch, Kabelo, Karine Bonifácio, Lola Borges, Lolo Fraga e Tai Martins.
Direção Musical: Marcelo Castro
Coreografia: Alonso Barros
Cenografia: Nicolás Boni
Figurino: Charles Möeller
Desenho de Luz: Vinícius Zampieri
Casting: Marcela Altberg
Coordenação Artística: Tina Salles
Direção de Produção: Bianca Caruso
Direção Artística e Produção Geral: Aniela Jordan
Direção de Negócios e Marketing: Luiz Calainho
SÃO PAULO
Local: Teatro BTG Pactual Hall
Período: 24 de outubro a 21 de dezembro (Sextas às 20h; Sábados às 16h e às 20h; Domingos às 15h e às 19h)
Classificação indicativa: 18 anos
INGRESSOS SÃO PAULO:
1º Lote
Sextas-feiras às 20h e domingos às 19h
Plateia VIP - R$ 280,00 / R$ 140,00
Plateia - R$ 240,00 / R$ 120,00
Frisa - R$ 40,00 / R$ 20,00
Balcão - R$ 40,00 / R$ 20,00
Sábados às 16h e às 20h e domingos às 15h
Plateia VIP - R$ 320,00 / R$ 160,00
Plateia - R$ 280,00 / R$ 140,00
Frisa - R$ 40,00 / R$ 20,00
Balcão – R$ 40,00 / R$ 20,00
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