By Claudio Erlichman. The production runs from October 23th trough November 02nd, at Teatro de Arena.
São Paulo, Brazil — Can a “good man” ever be truly innocent in a society built on patriarchy? That’s the provocative question driving O Julgamento de um Homem Bom (The Trial of a Good Man), the new satirical musical from the acclaimed feminist collective Matamoscas Teatral, which premieres at São Paulo’s Teatro de Arena for a short run from October 23 to November 2, with performances from Thursday to Sunday.
Directed and written by Bella Rodrigues, with musical direction by José Pedro, the production takes a sharp, ironic look at cisgender masculinity and the fragile line between “harmless jokes” and acts of violence. Blending comedy, music, and political critique, the show dismantles the comforting myth that divides society into “good men” and “monsters.”
Onstage, a cast that includes Ana Alencar, Carlos Comédias, Franco Cammilleri, Isabella Sabino, Larissa Fujinaga, and José Pedro brings to life an absurd courtroom of sorts, where laughter becomes both weapon and defense. The score, composed by José Pedro with lyrics by Rodrigues, spans genres from jazz to funk, with bursts of choral harmony and parody numbers reminiscent of Brechtian theater. The result is a kaleidoscopic experience that’s as musically rich as it is conceptually daring.
Each performance ends with a participatory ritual: the audience is invited to anonymously write down the names of harassers and abusers, whose names are then displayed on stage—transforming the theater into a space of collective denunciation and catharsis. By the time the curtain falls, O Julgamento de um Homem Bom has done more than entertain—it has exposed the contradictions of masculinity, the structures that sustain it, and the uneasy laughter that emerges when comedy meets confrontation.
O ousado musical feminista do grupo Matamoscas Teatral estreia em 23 de outubro no Teatro de Arena
Pode um “homem bom” ser realmente inocente em uma sociedade construída sobre o patriarcado? Essa é a provocante pergunta que move O Julgamento de um Homem Bom, novo musical satírico do aclamado coletivo feminista Matamoscas Teatral, que estreia no Teatro de Arena, em São Paulo, para uma curta temporada de 23 de outubro a 2 de novembro, com apresentações de quinta a domingo. Com direção e dramaturgia de Bella Rodrigues e direção musical de José Pedro, a montagem faz um olhar afiado e irônico sobre a masculinidade cis e a linha tênue entre as “piadas inofensivas” e os atos de violência. Misturando comédia, música e crítica política, o espetáculo desmonta o mito confortável que divide a sociedade entre “homens bons” e “monstros”. No palco, o elenco formado por Ana Alencar, Carlos Comédias, Franco Cammilleri, Isabella Sabino, Larissa Fujinaga e José Pedro dá vida a uma espécie de tribunal absurdo, onde o riso se transforma tanto em arma quanto em defesa. “A peça nasceu da observação de como os homens se comportam no cotidiano”, explica Rodrigues. “Ela fala sobre uma das características mais marcantes da masculinidade: a incapacidade de se reconhecer como opressor”.
Rodrigues defende que o humor do musical é político. “Queremos que o oprimido ria e se sinta fortalecido — e que o opressor saia constrangido”, afirma. Com canções espirituosas, diálogos irreverentes e inversões cênicas bem construídas, o espetáculo subverte a lógica da hipersexualização feminina: as mulheres aparecem totalmente vestidas, enquanto os homens estão frequentemente seminus — sua vulnerabilidade literalmente exposta. A trilha, composta por José Pedro com letras de Rodrigues, percorre gêneros que vão do jazz ao funk, com momentos de coro e números paródicos inspirados no teatro brechtiano. O resultado é uma experiência caleidoscópica, musicalmente rica e conceitualmente ousada.
Inspirado em observações do cotidiano e em referências como o artigo “A Casa dos Homens”, de Valesca Zanello, e a palhaça feminista Rafaela Azevedo (King Kong Fran), o espetáculo satiriza as microagressões diárias e a normalização da misoginia. Comportamentos “inofensivos” — piadas de vestiário, relações possessivas, comentários condescendentes — são expostos e ampliados sob os refletores. Cenário e figurinos também fazem parte da crítica. Cuecas sujas usadas na cabeça, menstruação, pelos corporais e outros símbolos considerados tabus são incorporados de forma cômica e provocadora. “Queríamos trazer à tona o que costuma ser abafado e transformá-lo em espetáculo”, diz Rodrigues.
Cada apresentação termina com um ritual participativo: o público é convidado a escrever anonimamente os nomes de assediadores e abusadores, que são exibidos no palco — transformando o teatro em um espaço de denúncia coletiva e catarse. Quando a cortina se fecha, O Julgamento de um Homem Bom já fez mais do que entreter — expôs as contradições da masculinidade, as estruturas que a sustentam e o riso incômodo que surge quando a comédia se encontra com o confronto.
Ficha Técnica
Direção: Bella Rodrigues
Direção musical: José Prado
Dramaturgia: Bella Rodrigues
Assistência de Direção: Isabela Soares
Coreografia: Larissa Fujinaga
Elenco: Ana Alencar, Carlos Comédias, Franco Cammilleri, Isabella Sabino, José Pedro, Larissa Fujinaga
Cenografia: Beatriz Perellon
Figurino: Beatriz Perellon
Iluminação: Larissa Siqueira
Audiovisual: Gabriella Carli
Banda: Isabela Soares, José Pedro e Marina Gatti
Visagismo: Laura Adamo
Assessoria de Imprensa: Angelina Colicchio e Diogo Locci - Pevi 56
Realização: Matamoscas Teatral
Serviço
O Julgamento de um Homem Bom,
da companhia Matamoscas Teatral
Local: Teatro de Arena (Rua Dr. Teodoro Baima, 94 - Vila Buarque)
Temporada: 23 de outubro até 2 de novembro de 2025
Horários: Quintas, sextas e sábados, às 20h; domingos, às 19h
Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia)
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 80 minutos
Gênero: Comédia Musical
Capacidade: 99 lugares
Redes sociais: @matamoscasteatral
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