Em que momento é que uma mulher, de frente para o público, deixa de ser só um indivíduo perante um grupo de pessoas e passa a ser uma representação da melancolia, da sensualidade, da submissão? E quando esta última está sentada ao lado de um homem? Em que momento podemos inferir que os une uma paixão devastadora? Que estão à beira de um surto de violência? E se nenhum dos dois nunca tiver dito nada? O que é que vemos antes de ver a mulher? Quando começou o espetáculo? Neste espetáculo de Teresa Coutinho, atriz aqui na sua segunda criação, investiga-se esse território tão denso que é o 'olhar do espectador', através da construção de atmosferas, significados e imagens, que nos recordam o traço distintivo do gesto performativo: a relação presencial entre performer e espectador.