Pop Shakespeare: SOMETHING ROTTEN! A Hilarious Celebration of Musical Theatre Opens in Brazil

By Claudio Erlichman. Now on stage at Teatro Porto, the production runs through August 6th.

By: Jul. 05, 2023
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Pop Shakespeare: SOMETHING ROTTEN! A Hilarious Celebration of Musical Theatre Opens in Brazil Is William Shakespeare the most important writer and playwright in the English language? Yes, he is, there's no denying it, but for the Bottom brothers he is a great and talented thorn in their side. However, it was because of competition with this immortal artist that Something Rotten! characters Nick and Nigel created the first musical in theater history. This is the premise of Something Rotten! – by Karey Kirkpatrick and John O'Farrell, with music by Karey and Wayne Kirkpatrick – which opened on Broadway in 2015 and has already received 10 nominations for the Tony Awards. The Brazilian version, Alguma Coisa Podre!, is signed by Claudio Botelho and has artistic direction and adapted book by Gustavo Barchilon. With its premiere scheduled for June 16th, in São Paulo, at Teatro Porto, the cast includes Marcos Veras, George Sauma, Wendell Bendelack, Leo Bahia, and the special participation of Laila Garin. The production is by Touché Entretenimento, by Renata Borges, and by Barho Produções, by Thiago Hofman.

 

Pop Shakespeare: SOMETHING ROTTEN! A Hilarious Celebration of Musical Theatre Opens in Brazil
A Musical number: Wendell Bendelack as Nostradamus
photo by Mare Martin

Críticos... críticos... Será que alguém leva o que escrevemos a sério? Ou pior: será que alguém ainda lê o que escrevemos? Para se ter uma ideia, quando estreou em Nova York, Alguma Coisa Podre! (Something Rotten!), teve críticas para lá de negativas do mais importante crítico do New York Times, o que seria suficiente para tê-lo tornado num flop. Contudo acabou se tornando um grande sucesso de público com mais de 700 apresentações e 10 indicações ao Prêmio Tony. Pois é, muitas vezes quem merecia receber um tomate podre somos nós!.. Foi assim com este tom autodepreciativo que o musical fez sua campanha de lançamento nas mídias sociais brasileiras. E como é bom, no melhor estilo do humor judaico e gay, saber rirmos de nós mesmos!

Pop Shakespeare: SOMETHING ROTTEN! A Hilarious Celebration of Musical Theatre Opens in Brazil
Marcos Veras as Nick Bottom
photo by Caio Gallucci

A animada produção brasileira de Alguma Coisa Podre! da Touché Entretenimento, dirigida por Renata Borges Pimenta, e da Barho Produções, dirigida por Thiago Hofman, no entanto, é difícil de não gostar, com um elenco talentoso e atuações com uma qualidade que não deve nada à Broadway. Certamente não há nada de podre nesta produção hilária e brilhante sob a direção de Gustavo Barchilon, com coreografia de Alonso Barros e direção musical de Thiago Gimenes.

E este tom de deboche e paródia permeia todo o musical. Seja nos cenários recriando propositalmente uma Londres excessivamente ao estilo Tudor de Duda Arruk, com direito a anúncios em neon em pleno século XVI, ou nos exagerados e divertidos figurinos de Fábio Namatame, também misturando vestimentas clássicas de várias peças shakespereanas. Podemos conferir isso nos figurinos de Shakespeare e Lorde Clapham, em particular e nos codpieces ressaltando os atributos masculinos. Esta mistura do antigo com o novo, sempre fazendo referências e com muita zombaria continua em cada detalhe do musical. Um grande exemplo é a versão brasileira muito bem humorada e arguta de Claudio Botelho. Ele mesmo um “Renaissance man” aqui mostra todo seu senso de humor afiado aliado à sua vasta cultura juntando com muita sagacidade citações que vão de Paulo Coelho à Garota de Ipanema, de Carlos Drummond de Andrade a Djavan. Soma-se a isto um envolvente desenho de luz de Maneco Quinderé, vibrante design de som a cargo de Tocko Michelazzo e Gabriel Bocutti -  principalmente nos números de sapateado -, e visagismo espirituoso de Feliciano San Roman.

A premissa de Alguma Coisa Podre! – A Comédia Mais Hilária da Broadway é simples: e se Shakespeare tivesse um competidor na sua época? Isso foi o suficiente para transportar seus criadores, os irmãos Wayne e Karey Kirkpatrick, para o modo de sátira total nesta comédia sobre o aspirante a dramaturgo Nick e seu irmão Nigel do Rêgo Soutto (Bottom, no original) onde o primeiro tem ciúmes do sucesso de Shakespeare e está tendo dificuldades para competir com o Bardo. Ele procura o conselho de Nostradamus, um adivinho com uma conexão mística difusa, que vaticina que ele produza uma comédia musical, então um conceito inédito, chamado “Omelete” (inspirado por sua interpretação errônea de “Hamlet”). O título do musical, é claro, vem da frase “Há algo de podre no reino da Dinamarca”, dita por Hamlet, na peça de mesmo nome. O que se segue é uma comédia escandalosa, caótica e extremamente divertida.

Alguma Coisa Podre! é uma combinação de Os Produtores, Book of Mormon, A Madrinha Embriagada, Spamalot e da antiga revista MAD, com sua comédia abundante, humor malicioso e múltiplas referências a outros musicais da Broadway e citações a diversas peças de Shakespeare. Mas não se preocupe, se você tem estas referências ótimo, é um sabor a mais; se não as têm se divertirá do mesmo modo.

O diálogo inteligente e as canções contagiantes são difíceis de resistir. Alguma Coisa Podre! inicia rapidamente com a fanfarronice de Olha a Renascença Aí!, deliciosamente interpretada por Andrea Marquee, no papel de Menestrel, que define o ritmo para o resto do show. Se você tem o péssimo hábito de chegar atrasado ao teatro, vai perder uma das grandes aberturas de todos os tempos.  Aliás, mesmo antes da peça iniciar temos uma playlist de várias músicas clássicas inspiradas em obras de Shakespeare, nos transportando para um falso clima de época. Uma sutil brincadeira.

Pop Shakespeare: SOMETHING ROTTEN! A Hilarious Celebration of Musical Theatre Opens in Brazil
George Sauma as Shakespeare 
photo by Caio Gallucci

Numa mistura de Mick Jagger, Michael Jackson, Magic Mike e Mickey Mouse, Geeorge Sauma, novato em musicais, está soberbo como Shakespeare, retratado como uma superestrela glam-rock egoísta e mimada, papel irmão do Faraó/Elvis Presley de José e Seu Manto Tecnicolor®. Uma performance de tour de force. Sauma deita, rola e sapateia no papel! E como sapateia!, além de lidar com um texto difícil, muitas vezes fazendo referência a suas próprias citações. Seu Shakespeare é um vilão tão agradável que o público adora e odeia ao mesmo tempo.

Marcos Veras e Léo Bahia interpretam os elisabetanos irmãos do Rêgo Soutto e exibem uma química excelente. Veras, também estreando em musicais está incrivelmente engraçado, com grande domínio do timing em cena, ao retratar o escritor renascentista, doentiamente ciumento do sucesso e vivendo à sombra de William Shakespeare, e que fará de tudo para vencê-lo. À medida que o show avança, Veras faz um bom trabalho mostrando o arco do personagem de Nick, especificamente em como a sua determinação evolui para uma obsessão que começa a anular seu melhor julgamento e relacionamentos. Léo Bahia faz o irmão mais novo e fã do Bardo, um jovem escritor e poeta ingenuamente doce e um pouco desajeitado. Ele tem como interesse amoroso Portia, por quem se apaixona e nela encontra confiança em si mesmo por meio da arte e do amor, nos fornecendo a subtrama romântica do musical. Portia, uma garota puritana, ma non troppo, também apaixonada por Shakespeare é interpretada pela ótima Bel Lima, grande atriz cômica que é capaz de tornar qualquer papel secundário num grande papel, como já havia demonstrado recentemente em Pippin.

Pop Shakespeare: SOMETHING ROTTEN! A Hilarious Celebration of Musical Theatre Opens in Brazil
Bel Lima as Portia and Leo Bahia as Nigel
photo by Caio Gallucci

Veras conduz a comédia com uma atuação agradável como Nick, enquanto que Bahia, como Nigel, exibe uma bela voz de tenor e nos cativa assim que entra em cena. Bel Lima divertida e charmosa é sempre uma alegria de se assistir, exibindo aquela rara combinação de beleza e carisma de protagonista com a loucura de uma grande comediante em sua atuação radiante. Lima e Bahia formam um casal encantador, e seu dueto Onde as Palavras Me Levam Eu Vou é adorável.

Laila Garin, interpreta, em participação especial, Bea do Rêgo Soutto, a esposa emancipada de Nick, que não tem objeções em aceitar empregos braçais para ajudar a sustentar a carreira teatral de seu marido. Para quem está acostumado a vê-la em papeis viscerais como em Gota D'Água [a seco], O Canto de Macabéa, ou em O Beijo no Asfalto - O Musical, se surpreenderá com seu talento humorístico. Laila é o centro das atenções sempre que está no palco. Seu solo Deixa Eu Ser Seu Produtor é altamente divertido, graças ao seu forte canto e habilidades cômicas.

Demonstrando ótima desenvoltura e humor físico em cena, Wendel Bendelack representa um Nostradamus bem maluco, que recebe a maioria das risadas ao interpretar um adivinho que QUASE vê o futuro corretamente. Com um ótimo sotaque iídiche Tony Germano nos diverte no papel de Shylock (que assim como Portia são referências a personagens de O Mercador de Veneza), o patrocinador judeu que ama o teatro e que investe na nova produção dos Rêgo Soutto. Outro que também arranca gargalhadas da plateia é Rodrigo Miallaret, irreconhecível ao interpretar o Irmão Jeremiah, pai de Portia, um falso puritano com tendências homoeróticas profundamente reprimidas onde cada frase sua termina num duplo sentido.

Todo o elenco é realmente muito bom, parecendo se divertir bastante, contagiando a plateia. O ensemble na verdade é um verdadeiro luxo, formado por alguns nomes importantes do teatro musical acompanhados de gente nova e muito talentosa. São eles: Ana Araújo, Andreza Meddeiros, Bruno Kimura, Carol Botelho, Daniel Cabral, Ingrid Gaigher, Marcelo Vasquez, Nathalia Serra, Renato Bellini, Roberto Justino, Sandro Conte, Sara Milca e Thiago Perticarrari (engraçadíssimo como Lorde Claphan).

Pop Shakespeare: SOMETHING ROTTEN! A Hilarious Celebration of Musical Theatre Opens in Brazil
Something Rotten! ensemble
photo by Mare Martin

A trilha sonora dos Kirkpatricks é show-bizzy e alegre, com destaque a melhor música da produção, É Um Musical, que poderia ter vindo do show Forbidden Broadway ou de um número de abertura do Tony Awards com sua lista de referências a musicais conhecidos, seja num simples acorde ou num paço coreográfico. É a canção chiclete-metalinguística do show, que zomba dos musicais por serem cantados e das coisas bizarras que vemos nos palcos. Se você piscar é bem capaz de perder alguma referência aos musicais mencionados ao longo do número que vão de A Chorus Line a Annie, de Chicago a Sweet Charity, de RENT a Guys and Dolls, e um toque de Aquarela do Brasil, além de muitas outras. Outro destaque é para A Morte, sobre a peste negra, lembrando números semelhantes das comédias de Mel Brooks, e Quando Eu Acreditar, o mais próximo de uma balada temática que o show chega a ter. Quando Omelete finalmente é encenado, o elenco canta o sapateado Algo Podre/Omelete, que é embalado com outra extravagância de referências à Broadway. Música clímax do gênero 'moral da história' nos ensina que "quando a vida te dá ovos, faça uma omelete"! As músicas todas são animadas tornando o show vertiginoso sem nunca perder o pique.

Pop Shakespeare: SOMETHING ROTTEN! A Hilarious Celebration of Musical Theatre Opens in Brazil
Laila Garin as Bea
photo by Caio Gallucci

Thiago Gimenes, responsável pela direção musical e preparação vocal do espetáculo, quase onipresente nos últimos sucessos musicais em cartaz na cidade, nos entrega mais um ótimo trabalho tirando um grande som de uma orquestra de oito membros, numa partitura que ao mesmo tempo retrata praticamente cinquenta anos de musicais, com todas a citações já mencionadas, mesclando a Era de Ouro da Broadway, música pop e renascentista.

Como é usual Alonso Barros mais uma vez nos brinda com sua maestria coreográfica, especialmente com empolgantes números de sapateado. Uma das coisas que sempre admiro nas coreografias de Alonso é a sua criatividade, e como é esperado podemos conferi-la aqui, especialmente em Omelete onde vemos dançarinos vestidos de ovos, ou no production number É Um Musical.

Com mão firme e de modo atrevido Gustavo Barchilon nos entrega uma direção e adaptação do texto dinâmica e alegre, equilibrando um trabalho de conjunto tecnicamente desafiador. Sua excelente direção faz o show se desenrolar de maneira suave e polida, com um ótimo tempo de comédia, fazendo de Alguma Coisa Podre! algo espetacular.

Alguma Coisa Podre! – A Comédia Mais Hilária da Broadway é uma grande ode humorística à performance do século XVI, centrada em William Shakespeare. É um show divertido e brincalhão, repleto de escrita cômica inteligente que não é muito ultrajante e atinge o equilíbrio perfeito entre o brilho musical e o entretenimento. Iconoclasta e ao mesmo tempo uma carta de amor ao teatro musical, oferece todos os elementos da amada culinária musical da Broadway, incluindo uma excelente trilha sonora, um libreto inteligente, excelentes atuações do elenco e números de sapateado que agradam ao público. E acima de tudo, Alguma Coisa Podre! é uma pequena jóia celebrando o melhor da magia deste gênero teatral. Faça um favor a si mesmo e mime-se com este show delicioso! Você vai OVAcioná-lo, ops, com certeza!

Pop Shakespeare: SOMETHING ROTTEN! A Hilarious Celebration of Musical Theatre Opens in Brazil
George Sauma as Shakespeare, Marcos Veras as Nick, Wendell Bendelack as Nostradamus, Leo Bahia as Nigel and Laila Garin como Bea.
photo by Caio Gallucci

ELENCO PRINCIPAL:
Marcos Veras
 como Nick do Rêgo Soutto 
Leo Bahia como Nigel do Rêgo Soutto
George Sauma como Shakespeare 
Wendell Bendelack como Nostradamus
Rodrigo Miallaret como Irmão Jeremias 
Bel Lima como Portia 
E participação especial de Laila Garin como Bea


FICHA TÉCNICA:
Produtores Executivos -
Renata Borges e Thiago Hofman
Direção Artística - Gustavo Barchilon
Versão Brasileira - Cláudio Botelho 
Coreografia/Dir. Movimento - Alonso Barros
Direção Musical - Thiago Gimenes
Figurino - Fábio Namatame
Cenário - Duda Arruk
Design de Som - Tocko Michelazzo e Gabriel Bocutti
Design de Luz - Maneco Quinderé
Visagismo e Perucaria: Feliciano San Roman
Diretora Residente: Vanessa Costa
Assessoria de Imprensa: Trigo Casa de Comunicação
Marketing Cultural: R+Marketing
Fotógrafo: Caio Galucci
Direção de Arte: Gustavo Perrella
Gestão de Projetos: Natalia Egler

SERVIÇOS:

Alguma Coisa Podre! – A Comédia Mais Hilária da Broadway

TEATRO PORTO
Alameda Barão de Piracicaba, 740 - Campos Elíseos
Capacidade:  484 lugares
Acessibilidade

Bilheteria: Horário de funcionamento:
Somente nos dias de sessão 2h antes da apresentação

Telefone: (11) 3366-8700

Estacionamento próprio: Gratuito para clientes do Teatro Porto.

Site: www.teatroporseguro.com.br
Facebook: https://www.facebook.com/teatroporto
Instagram: @teatroporto

Instagram Musical: @musicalpodre

Classificação: 14 anos

Quando?
De 16 de junho a 6 de agosto de 2023
Sexta às 20h
Sábado às 16h e 20h
Domingo às 15h e 19h

Valores: Ingressos a partir de R$ 25,00 (meia entrada) 
- Plateia: R$ 250,00 (inteira) / R$ 125,00 (meia)
- Balcão: R$ 150,00 (inteira) / R$ 75,00 (meia)
- Balcão (Preço Popular): R$ 50,00 (inteira) / R$ 25,00 (meia)
- Clientes Porto têm desconto de 30% na compra de até 2 ingressos
- Clientes Cartão de Crédito Porto Seguro Bank têm desconto de 50% na compra de até 2 ingressos

Compras via internet: https://bileto.sympla.com.br/event/82003/d/190267

Duração: 130 min

*O ELENCO DESTE ESPETÁCULO PODE SER ALTERADO SEM PRÉVIO AVISO*




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