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Hello, Gorgeous: FUNNY GIRL is Produced for the First Time in Brazil

By Claudio Erlichman. Now on stage at Teatro Porto, the production stars Giulia Nadruz and Eriberto Leao.

By: Sep. 13, 2023
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Hello, Gorgeous: FUNNY GIRL is Produced for the First Time in Brazil  ImageFunny Girl gets a Brazilian version signed by Bianca Tadini and Luciano Andrey, directed by Gustavo Barchilon and produced by Barho Produções in partnership with 7.8 Produções Artísticas. The show opened at Teatro Porto, in São Paulo, on August 18th and continues until October 8th, with performances on Fridays at 8pm, Saturdays at 4:30pm and 8pm, and on Sundays at 3:30pm and at 7pm.

Opened in 1964, Funny Girl has a score by Julie Styne, lyrics by Bob Merrill, book by Isobel Lennart and was originally starred by Barbra Streisand, who also gave life to the story's protagonist in the film adaptation directed by William Wyler in 1968.

Recently, the musical received a new American version that has just become a box office record on Broadway. The production stars Lea Michelle (who plays her character's dream role on the series Glee, for which the actress became known).

The actress chosen to play the role of protagonist Fanny Brice in the Brazilian version is the young Giulia Nadruz, who, at just 31 years old, has on her musical CV such as Fiddler on the Roof, West Side Story, The Phantom of the Opera, Barnum -The Greatest Showman, tick, tick... BOOM!, Ghost and Shrek.

Her partner in the plot, the gambler Nick Arnstein, is played by Eriberto Leão, who is in the first time in a Broadway musical. The two were chosen in a long audition process, which lasted two weeks and featured more than 500 candidates.

The cast also includes names such as Stella Miranda (playing Rose Brice) and Afonso Monteiro, Alessandra Vertamatti, Alice Zamur, André Luiz Odin, Arízio Magalhães, Cárolin von Siegert, Dante Paccola, Fábio Galvão, Gabi Germano, Marcelo Góes, Mariana Fernandes, Martina Blink, Mattilla, Nábia Villela, Rodrigo Garcia, Rodrigo Varandas, Talihel, Vânia Canto and Yasmin Calbo.

Funny Girl tells the story of Fanny Brice, a young Jewish girl treated like an ugly duckling by others. Dreaming of stardom and fame, she steals the spotlight at a local production and is hired by a famous producer who decides to invest in her career. Already recognized for her talent on stage, Fanny falls in love with compulsive gambler Nick. They soon get married, but while the actress and singer's career prospers, their relationship deteriorates.

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O Seu Amor Me Faz Brilhar (His Love Makes Me Beautiful) number:
Giulia Nadruz (as Fanny) and Rodrigo Garcia (as Tenor)
photo by Caio Gallucci

        

Desde o início Funny Girl – A Garota Genial foi uma produção cheia de problemas, o que torna interessante que muitos o considerem um dos melhores musicais da Broadway. Sem a atuação estrelar de Barbra Streisand como Fanny Brice (1891-1951), Funny Girl poderia ser mais lembrado como um grande score casado com um libreto mais ou menos.

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Fanny Brice herself
photo by Divulgação

A garota engraçada do título em inglês se refere a Fanny Brice, uma comediante judia que se tornou uma lenda do vaudeville, o que chamamos em íidiche de uma meeskite (pessoa de aparência pouco convencional) que se torna uma grande estrela através de muito atrevimento, determinação e incrível talento. A história, contada na maior parte em flashbacks, cobre os principais eventos na vida da celebrada comediante – de como iniciou sua carreira num pequeno teatro do Brooklin, e de como o stage manager Eddie lhe ensinou diuturnamente as rotinas teatrais até ser descoberta pelo empresário teatral Florenz Ziegfeld (1867-1932), se tornando estrela nas revistas Ziegfeld Follies, sua paixão obsessiva num tempestuoso casamento com o trapaceiro de fala mansa Nick Arnstein (1879-1965), e a dissolução deste casamento após Nick ter ajudado no planejamento do roubo das seguradoras de Wall Street, e de como ela encontrou forças para, de alguma maneira, levar a vida. Seu desempenho no cinema, night-clubs e na rádio, também ajudaram no desenvolvimento de sua fama, chegando até a fazer alguns shows de TV antes de morrer subitamente em 1951, aos 59 anos.

O produtor cinematográfico Ray Stark (1915-2004), genro de Fanny Brice, viu um filme sobre a vida de sua sogra, feito quando ela ainda estava viva. Tentou sem sucesso interessar os estúdios de Hollywood em um enredo biográfico sobre o mesmo assunto, mas acabou sendo convencido de que o show deveria ser primeiro feito no palco, aliando-se assim ao produtor David Merrick (1911-2000) e contratando a equipe que tinha feito enorme sucesso com GypsyJule Styne (1905-1994) e Stephen Sondheim (1930-2021). Aparentemente Sondheim não gostou da ideia de Mary Martin (1913-1990) representar Fanny Brice como estava previsto e desistiu. Sondheim, também judeu, teria dito a Jule Styne após encontrar Mary Martin: “Você tem que ter uma garota judia, e se ela não for judia que pelo menos tenha um nariz!”.

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Giulia Nadruz as Fanny Brice
photo by Caio Gallucci

Ray Stark então refez a equipe com Jerome Robbins (1918-1998) e escolheu Anne Bancroft (1931-2005) no que seria seu primeiro musical. No entanto Merrick tinha outras ideias e estava encantado com uma garota do Brooklin, também judia, atriz e cantora, chamada Barbra Streisand e mandou Jule Styne observá-la em um night-club em Greenwitch Village, onde se apresentava. Styne imediatamente encantou-se com ela, embora, até aquele momento, não tivesse certeza de que artista melhor se adaptaria ao papel de Brice. Apesar de Anne Bancroft já estar contratada, decidiu-se por Streisand, cuja única experiência anterior tinha sido um papel de coadjuvante em I Can Get It for You Wholesale, atuação que lhe rendeu a primeira indicação ao Tony. Miss Streisand foi tão bem-sucedida – sua gravação de People foi um hit antes da estreia de Funny Girl – que ela ficou ainda mais renomada do que a mulher que ela representava.

Apesar de estar com a linda voz de Streisand ressoando em seus ouvidos, Styne começou a escrever músicas para Anne Bancroft, a ele se juntando o letrista Bob Merrill (1921-1998). Algumas de suas canções, contudo, virtualmente substituem aquelas usadas em situações comparadas à Gypsy: I’m the Greatest Star com Some People, Don’t Rain on My Parade com Everything Coming Up Roses, e The Music That Makes Me Dance (a qual sugeriu a canção tema mais intimamente identificada com Fanny Brice, My Man) com Rose’s Turn. O trabalho de Styne & MerriIll foi produtivo. Inspirado na frase de Merrill A Very Special Person, frase que foi o primeiro título escolhido para o musical, ele compôs uma canção e Styne em meia hora escreveu a letra. A canção era People. Contudo outra surpresa aguardava os produtores do show, Anne Bancroft recusou o papel quando ouviu o score musical. Tentativas foram feitas com Anne German e Carol Burnett, Shirley MacLaine e Eydie Gorme sem sucesso. Todo mundo brigou. Quando Jerome Robbins, o diretor original, saiu de repente em uma disputa com o autor, ele foi sucedido por Bob Fosse (1927-1987), que não permaneceu muito, depois por Garson Kanin (1912-1999) que se decidiu por Streisand para o sucesso ou para o fracasso, ganhando a aposta.

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Eriberto Leão as Nick Arnstein
photo by Caio Gallucci

O musical foi anunciado diferentemente sob vários títulos como A Very Special Person, My Man e The Luckiest Person antes de David Merrick sugerir Funny Girl.  Jule Styne escreveu 56 músicas para o show, cerca de 22 foram agregadas ou eliminadas ao espetáculo, durante os ensaios ou das apresentações preliminares em Boston ou Filadélfia. As mudanças de enredo foram tantas que apenas a cena final foi reescrita cinco vezes, até que em 26 de março, de 1964, finalmente estreou para ficar mais de três anos em cartaz, com 1.348 apresentações, na Broadway.

O grande fator de sucesso do musical foi indiscutivelmente o desempenho de Barbra Streisand, embora o score musical também fosse de alta qualidade, e o enredo, afinal, depois de tantas mudanças tenha resultado num trabalho bem elaborado.

Na verdade, é difícil dizer se Funny Girl fez de Barbra uma estrela ou se Streisand transformou Funny Girl em grande sucesso. Esta interpretação lhe rendeu sua 2ª indicação ao Tony, tendo o musical recebido um total de oito, sem levar nenhum. O show perdeu seu Tony de Melhor Musical para Hello, Dolly!, da mesma forma que Barbra perdeu o Tony para a interpretação de Carol Channing (1921-2019) para Dolly Levi, papel este que Streisand mais tarde retrataria no cinema.

Barbra Streisand nunca mais voltou à Broadway. Em 1968 estreou a versão hollywoodiana do musical (no Brasil chamou-se Funny Girl – A Garota Genial). Com direção de William Wyler (1902-1981), e estrelando Omar Sharif (1932-2015, o que causou polêmica na época pelo fato dele ser árabe e Streisand judia), marcou a estreia cinematográfica de Barbra Streisand, dando a ela seu primeiro Oscar (dividido com Katharine Hepburn), e outras sete indicações, inclusive Melhor Filme sendo este o de maior bilheteria daquele ano. Em 1975 Babs também estrelou a continuação Funny Lady, com composições de John Kander & Fred Ebb.

Em 23 de setembro, de 2002, foi realizada uma noite beneficente no New Amsterdam Theatre onde Funny Girl teve sua primeira remontagem após quase quarenta anos de sua estreia. O The Second Annual Benefit Concert for The Actors' Fund reuniu um grande elenco e revesando-se no papel de Fanny Brice tivemos nada mais nada menos que Carolee Carmello, Kristin Chenoweth, Sutton Foster, Ana Gasteyer, Whoopi Goldberg, Jane Krakowski, Judy Kuhn, LaChanze, Ricki Lake, Idina Menzel, Bebe Neuwirth e Lillias White dentre outras.

A remontagem mesmo só estrearia em abril de 2022. Com críticas mornas o show foi quase um flop até substituírem a atriz Beanie Feldstein, por Lea Michele. Lea que já havia dado uma grande interpretação para o showstopper Don’t Rain on My Parade no seriado Glee, e logo em seguida repetiu o feito numa entrega do Prêmio Tony, sempre pareceu a escolha mais acertada para o papel de Fanny Brice. Há dez anos ela se preparava para isso. Quando ela substituiu Beanie o show tomou um novo fôlego prorrogando uma temporada que afinal encontraria o sucesso.

Coincidentemente o diretor Gustavo Barchilon já havia comprado os direitos do musical para o Brasil, e em 18 de agosto, com produção da Barho Produções em parceria com a 7.8 Produções Artísticas, o espetáculo estreou no Teatro Porto, em São Paulo.

Não deve ter sido fácil escalar uma atriz para protagonizar Funny Girl. Eu que tive a oportunidade de acompanhar as audições sei bem disso. Quem quer que fosse escolhida ficaria à sombra de dois mitos dos palcos norte-americanos: a estrela do vaudeville cuja vida fornece a base para o show – que é basicamente a versão do início do século XX de Nasce Uma Estrela, e Barbra Streisand, que originou o papel. Mas para a nossa sorte não uma, mas duas atrizes igualmente brilhantes foram selecionadas para a difícil tarefa. Giulia Nadruz e Vânia Canto. As duas que se alternam no papel estão tão bem exibindo grande excelência tanto tecnicamente como emocionalmente, que vale à pena ao menos duas idas ao teatro para aprecia-las.

Giulia Nadruz é um talento espetacular no papel de outro espetacular talento, mas ela nunca tentando realmente ser a mulher sobre o qual o musical é escrito. Giulia Nadruz preferiu criar, em 2023, uma Guilia Nadruz de 1918, e ela fez isto de forma sensacional. Ela é pura alegria no palco, uma comediante espontânea, uma grande voz, e uma cantora expressiva que consegue manter a platéia emocionada ininterruptamente.

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Mazel Tov!: Moro Aqui (Henry Street) number
photo by Caio Gallucci

Vânia Canto faz uma Fanny cativante. Seu ritmo cômico nítido se adapta bem às piadas pastelão do show e aos subterfúgios vanguardista de Fanny; seus profundos olhos claros, arregalados, projetam efetivamente um ser humano real dentro e fora do meta-palco. É como se ela já tivesse experimentado em sua vida as dificuldades pelas quais Fanny Brice passou. E isto ela consegue passar para a plateia de modo formidável.

Este é um musical com muita intensidade, e o canto das duas estão bem à altura. Difícil a plateia não se emocionar quando elas nos entregam People ou Don't Rain on My Parade, para aplausos e ovação do público a cada apresentação.

O elenco coadjuvante é ideal. Fico contente em ver André Luiz Odin, presença constante como bailarino em musicais de sucesso, aqui demonstrando que é também muito bom ator e cantor no papel de Eddie Ryan, o amigo mais próximo e diretor de dança de Fanny. Com bom timing cômico ele está brilhante, enérgico e passando muita sinceridade. Seu número solo de sapateado jazzístico com a cadeira no primeiro ato é ótimo! Eriberto Leão está perfeito como o jogador compulsivo e amor da vida de Fanny, Nick Arnstein, compondo um personagem suave, sofisticado e muito charmoso. Stella Miranda é sempre divertida e como a Sra. Rose, a ídiche mame de Fanny, compõe uma personagem original fugindo do estereótipo da mãe judia. Alessandra Vertamatti (Sra. Meeker) e Nábia Villela (Sra. Strakosh) estão perfeitas como as vizinhas yachne (fofoqueiras e intrometidas) e parceiras de pôquer da Sra. Rose, demonstrando bastante sintonia em cena e proporcionando momentos hilários.

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Não Vem Trazer Chuva Para Estragar O Meu Sol
(Don’t Rain on My Parade) number
photo by Caio Gallucci

Barchilon não é somente o responsável pela ótima e acertada direção do musical, mas também pelas seguras e adequadas adaptações e revisões do libreto, o que costuma fazer em todas as suas peças. Com Funny Girl não foi diferente. Tendo como base a versão original de 1964, e nas montagens de Londres e Nova Iorque, além do filme, ele fez algo completamente original reduzindo o show de três horas para uma duração de 1h45, sem intervalo. Além de mudanças no texto onde por exemplo a mãe agora passa a ser a maior incentivadora da carreira de Fanny, ao invés de uma mãe judia superprotetora e abusiva; e no tema em si – uma homenagem aos artistas que que se sacrificam para levar o show adiante –, Gustavo também passou a canção Quem Ensinou O Que Ela faz? (Who Taught Her Everything She Knows?), da Sra. Rose e Eddie para o segundo ato, sendo um dos destaques da noite. Muitas canções, como My Man – o cavalo de batalha de Fanny na vida real – foram cortadas, mas em seu lugar foi acrescentada I’d Rather be Blue, que foi precisamente um sucesso no filme My Man (1928), cantado por Brice. O número dos patins mantém o Cornet Man de forma instrumental só que usando o arranjo da versão cinematográfica. A segunda metade do musical é bem reduzida para focar principalmente nas vascilações irresponsáveis de Nick, o que funciona muito bem como uma vitrine para Eriberto Leão fornecer um arco dramático de seu personagem que é ao mesmo tempo prost (íidiche para rude) e encantador, um apostador simpático e sem sorte, uma figura lamentável; além de focar na evolução do romance para o casamento.

O diretor conta que a versão brasileira busca adaptar a obra para a nossa realidade atual. “Acho que os clássicos precisam ser revistos, porque tem muitos espetáculos que hoje em dia são politicamente incorretos. E o Funny Girl também tinha alguns pontos assim. Eu sugeri algumas adaptações, expliquei para os detentores dos direitos do espetáculo o porquê estava fazendo isso e eles aceitaram e ficaram curiosos para ver as mudanças. Quem me conhece também sabe que, por mais que a peça se passe em outro lugar ou outra época, busco sempre trazer alguma coisa brasileira”, diz. “Quando falamos que a Fanny Brice estava à margem dos padrões, estamos nos referindo a uma época em que a mulher não tinha voz e ela era aquela menina que, desde o começo, disse que seria uma estrela. Uma mulher que já se posicionava e que chegou aonde chegou, é completamente fora dos padrões daquela época. E até hoje estamos discutindo sobre feminismo. Trazer uma biografia feminina e mostrar como existem mulheres poderosas há muito tempo me interessou bastante”, comenta Barchilon.

Alonso Barros, coreógrafo e diretor de movimento, em mais uma parceria com Barchilon, proporciona ao público pelo menos dois grandes momentos, como no número cômico O Seu Amor Me Faz Brilhar (His Love Makes Me Beautiful), um musical dentro de um musical, onde nos transporta para uma autêntica Ziegfield Follies, com destaque à bela voz de tenor de Rodrigo Garcia, cheio de estilo, e aos figurinos elaborados e deslumbrantes de Fábio Namatame, ou no production number Moro Aqui (Henry Street), quando a vizinhança comemora o sucesso de Fanny, com todo o elenco, num grande número de sapateado. Aqui Odin merece outra menção por seu sapateado que foi simplesmente hipnotizante! Mas a vivacidade total de O Seu Amor Me faz Brilhar, em que Fanny finalmente faz sua estreia de forma improvisada para o Follies, realçamos tanto pela bela produção quanto pela delicadeza de Nadruz e Canto usando a comédia física sutilmente no palco. O design de peruca (são cerca de 35) e maquiagem por Feliciano San Roman também são notáveis, uma vez que a caracterização das duas atrizes como Fanny são de grande importância para a verossimilidade da trama.

O cenário único de Natália Lana, que tem como base os bastidores escancarados de um teatro, recurso que também pode ser visto atualmente no musical Kiss Me, Kate!, consegue transmitir a ação que vai dos tablados do Brooklin aos palcos de Manhattan, até uma estação de trem em Cleeveland, usando como recursos painéis simples que sobem e descem e dramáticas cortinas, acrescido de uma imponente escadaria e uma plataforma superior onde se encontra de forma aparentemente espalhada o naipe de sopros da orquestra, dando todo um charme e requinte à misancene. A direção musical e a adaptação de orquestração para uma orquestra de 14 músicos a cargo de Carlos Bauzys estão magníficas, como sempre, e é difícil imaginá-la soando melhor do que sob a regência de Diego Salles, nos emocionando nos primeiros acordes de uma das Overtures mais lindas da Era de Ouro dos musicais da Broadway.

Nada mais árduo e trabalhoso do que versionar um musical. E um que contém duas músicas icônicas como People (Se A Gente Não Está Só) e Don’t Rain on My Parade (Não Vem Trazer Chuva Para Estragar O Meu Sol), nem se diga. People para se ter uma ideia foi executada durante décadas tanto em casamentos quanto em concursos de beleza e shows de talentos escolares nos Estados Unidos, e porque não dizer no mundo. Há um problema com uma canção que se tornou um standard: A gente para de ouví-la. Ela enjôa! A gente já a escutou tantas vezes, que parece que se tornou uma daquelas músicas de fundo. Além do mais People se tornou a música de assinatura de Barbra. Ela praticamente terminava quase cada concerto com ela. E muitas vezes com uma introdução irritante. O que temos que lembrar é o motivo pelo qual uma canção acaba se tornando um standard: é porque ela é boa. Ouvir People e imaginar-se na plateia da Broadway em Funny Girl, em 1964... No palco encontramos uma uma garota de estranha beleza, calorosa, e cheia de talento que acaba de estrear de forma triunfante no Ziegfeld Follies e agora tem um encontro com um homem incrivelmente belo e que ela acredita ser bem-sucedido. Ela se volta para ele e começa a cantar. Ouça a melodia e tome a letra. Tente imaginar como a plateia se sentiu ouvindo aquele clássico sendo cantado para eles pela primeira vez. Esta tarefa foi cumprida com esmero e cuidado pela dupla Bianca Tadini e Luciano Andrey, nunca indo para as soluções mais óbvias. Como um brinde aos nossos leitores a excelente versão de People no final do artigo.

Como é bom assistir um musical clássico da Broadway, ainda mais numa produção tão caprichada trazendo canções icônicas de Jule Styne e Bob Merrill, cantadas por um elenco excepcional. Nesta montagem repleta de pontos altos, e adaptada para dialogar com os dias de hoje, temos momentos de comédia e risadas genuínas, numa direção de muita energia e entusiasmo, que ao mesmo tempo é uma declaração de amor a Era de Ouro da Broadway, à tradição judaica na origem dos musicais norte-americanos e ao empoderamento feminino. É assistir, se deixar emocionar e se divertir!

PEOPLE: “SE A GENTE NÃO ESTÁ SÓ”
Versão Brasileira Bianca Tadini & Luciano Andrey


FANNY
VIVER NA SOLIDÃO
QUE GRANDE SORTE- QUEM SABE NÃO.
AQUI SE UMA CRIANÇA CAI
DEZ MAES VEM LOGO VER
SE A SORTE É NOSSA- NÃO DÁ PRA SABER.

NADA…NADA NESSE MUNDO
FAZ SENTIDO SE A GENTE VIVE SÓ
NÓS SOMOS, QUASE IGUAL CRIANÇAS
TÃO PERDIDAS NUM MUNDO HOSTIL
COM UM MEDO PUERIL
DE MOSTRAR AO MUNDO QUEM SOMOS

SORTE DE QUEM SE SENTE AMADO
O AMOR DEIXA O MUNDO TÃO MELHOR

UM PARCEIRO
SEU PAR E COMPANHEIRO
APAGA A SOLIDÃO
E CURA O SEU CORAÇÃO
NÃO HÁ MEDO NEM DOR
O AMOR FAZ A VIDA TER SENTIDO
TUDO FAZ SENTIDO
FAZ SENTIDO SE A GENTE NÃO ESTA SÓ

(texto)

APAGA A SOLIDÃO
E CURA O SEU CORAÇÃO
NÃO HA MEDO NEM DOR
O AMOR FAZ A VIDA TER SENTIDO
TUDO FAZ SENTIDO
FAZ SENTIDO SE A GENTE NÃO ESTA SÓ

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Funny Girl cast & crew
photo by Caio Gallucci

Ficha Técnica: 
Direção Artística: Gustavo Barchilon 
Direção Produção: Thiago Hofman 
Produtora Associada: Cecilia Simoes 
Versão Brasileira: Bianca Tadini e Luciano Andrey 
Coreografia / Direção de Movimento: Alonso Barros 
Direção Musical: Carlos Bauzys 
Figurino: Fábio Namatame 
Cenário: Natália Lana 
Design de Peruca e Maquiagem: Feliciano San Roman 
Design de Som: Tocko Michelazzo 
Design de Som Associado: Gabriel Bocutti 
Desenho de Luz: Maneco Quinderé 
Direção de Arte: Gus Perrella 

Elenco por ordem alfabética: Afonso Monteiro (Coro). Alessandra Vertamatti (Sra Meeker / Sra Brice Cover). Alice Zamur (Coro / Garota Ziegfeld / Follies). André Luiz Odin (Eddie Ryan). Arízio Magalhães (Florenz Ziegfeld). Cárolin von Siegert (Coro / Follies). Dante Paccola (Coro / Tenor Cover). Eriberto Leão (Nick Arnstein). Fábio Galvão (Coro / Nick Arnstein Cover / Tom Keeney Cover). Gabi Germano (Coro). Garota Ziegfeld / Emma Cover / Follies). Giulia Nadruz (Fanny Brice). Marcelo Góes (Tom Keeney / Ziegfeld Cover). Mariana Fernandes (Coro / Garota Ziegfeld / Follies) Martina Blink (Coro / Sra Meeker e Sra Strakosh Cover). Mattilla (Emma). Nábia Villela (Senhora Strakosh). Rodrigo Garcia (Tenor / Coro). Rodrigo Varandas (Coro / Eddie. Ryan Cover). Stella Miranda (Rose Brice). Talihel (Swing). Vânia Canto (Fanny Brice alternante). Yasmin Calbo (Swing).

** O ELENCO DESTE ESPETÁCULO PODE SER ALTERADO SEM PRÉVIO AVISO **

Serviço:

FUNNY GIRL – A GAROTA GENIAL

De 18 de agosto a 8 de outubro

Sextas às 20h. Sábado às 16h30 e 20h. Domingo às 15h30 e 19h.

Ingressos
- Plateia: R$ 250,00 (inteira) / R$ 125,00 (meia)
- Balcão: R$ 150,00 (inteira) / R$ 75,00 (meia)
- Balcão (Preço Popular): R$ 50,00 (inteira) / R$ 25,00 (meia)

 

Duração: 110 minutos.
Classificação: 12 anos.
Link vendas:  https://bileto.sympla.com.br/event/84803

TEATRO PORTO 
Al. Barão de Piracicaba, 740 – Campos Elíseos – São Paulo.
Telefone (11) 3366.8700

Bilheteria: 
Aberta somente nos dias de espetáculo, duas horas antes da atração. 
Clientes Porto Seguro Bank mais acompanhante têm 50% de desconto.
Clientes Porto mais acompanhante têm 30% de desconto.

Vendaswww.sympla.com.br/teatroporto

Capacidade: 484 lugares.
Formas de pagamento: Cartão de crédito e débito (Visa, Mastercard, Elo e Diners).
Acessibilidade: 10 lugares para cadeirantes e 5 cadeiras para obesos.
Estacionamento no local: Gratuito para clientes do Teatro Porto.




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