BWW Reviews: Brazilian WIZARD OF OZ is a Sparkling Emerald

By: Jun. 17, 2012
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Charles Moeller and Claudio Botelho bring to Brazil the most expensive musical ever produced here. An amazing concept and strong production values, as well as a gifted cast and creative team, turn the Brazilian production of Wizard of Oz in a landmark of the contemporary musical theater in this Country. Based on the theatrical RSC aproach of the original work (book and motion picture), Moeller and Botelho move in astonishing parallel ways to find their own, unique yellow brick road. The Brazilian Oz is a show to be remembered for years to come.

Quando as luzes do teatro se apagam e ao som de uma impactante e teatralíssima percurssão, surge no palco a figura de uma criatura nitidamente fantástica, um fauno ou demonio (talvez o Destino), com precisos e vigorosos movimentos coreograficos e acrobaticos, sabemos de antemão de que não estamos diante de um acontecimento teatral qualquer. Quando, do nada, aparecem nas mãos desta criatura os famosos sapatinhos vermelhos de Dorothy, como uma ultima e surpreendente visão de tal "introdução", chega também a certeza de que Charles Möeller e Claudio Botelho mais uma vez criaram um espetáculo essencialmente autoral, diante de uma obra estabelecida e devidamente "acomodada" no imaginário de varias gerações.

Tem sido bastante divulgada a genesis de "The Wonderful Wizard of Oz" de Lyman Frank Baum, desde suas primeiras adaptações para o teatro até ganhar vida nas telas com a obra prima de Victor Fleming, com musica de Harold Rome e letras de E. Y. Harburg, tendo Judy Garland no papel da menina do Kansas, Dorothy. Pois bem: Charles e Claudio, tomando por base a versão da Royal Shakespeare Company (dirigida logo depois por Robert Johanson no Madison Square Garden de New York) sabiamente utilizam esse material original como um abalizado ponto referencial para criar um espetáculo absolutamente próprio e surpreendente. Na mencionada abertura por exemplo, é nitida a presença do proprio Frank Baum, um homem que, paralelamente à carreira literária, teve sua existencia ligada à Madame Helena Blavasty, a responsável no início do século vinte pela sistematização da moderna Teosofia. Escreveu Blavasty : " "Não há perigo que uma abnegada coragem não possa vencer, não há julgamento que uma pureza imaculada não consiga passar, não há dificuldade que um forte intelecto não possa ultrapassar". Pois tudo isso está lá nas entrelinhas da obra de Baum e que, num golpe de mestre, Charles Möeller, dono de uma inegável maturidade como criador, levou às ultimas consequencias em sua encenação, transformando o mal (ou o bem) em "dono" da história. Konstyantyn Biriuk (citado no programa como "O Ciclone"), um artista sem duvida alguma extraordinario, é num momento mestre de cerimônias, em outro um autentico contra-regra ( maravilhosa sua ação de trazer para o palco a carroça do Professor Marvel e arma-la em cena) e é também o próprio Ciclone. Biriuk é neste O MÁGICO DE OZ, o real condutor da trajetória de Dorothy do Kansas até Oz e finalmente, numa das cenas mais emocionantes e bem executadas do espetaculo, de volta à casa.

Claudio Botelho mais uma vez surpreende com suas versões absolutamente irretocáveis. Se em OVER THE RAINBOW deixa a mensagem singela da letra fluir em portugues com a simplicidade propria da original, nas canções posteriores ministra uma verdadeira MASTER CLASS do que uma recriação pode alcançar em termos de idéias, palavras, soluções de rima e ritmo. IF I ONLY HAD A BRAIN por exemplo, é simplesmente uma verdadeira jóia, já que consegue transmitir toda uma idéia, superando (acreditem vocês!) a genialidade e competencia do original de E.Y. Harburg. É ouvir (e ver) para crer!

Ainda na equipe de criação, são muitos os que merecem ser reverenciados: Rogério Falcão e sua cenografia sempre muito inteligente e detalhada, busca referencias e citações em toda a iconografia de OZ existente, seja no cinema, nas ilustrações originais do livro e até nas diversas interpretações cenograficas que a Terra de Oz teve nos palcos do mundo. Sua homenagem ao universo de Tim Burton e de Fritz Lang também fica evidenciado em várias cenas. Um excelente trabalho que ganha uma dimensão maior com a contribuição de todos os responsáveis na criação e execução das projeções, dos aderecistas, escultores e pintores de arte. Um equipe de fato estupenda! Fausto Hausen resolve com talento, classe e elegancia (e de um modo também pessoal) o desafio de criar para o espetáculo mais de 300 figurinos, dos mais simples aos mais elaborados. E o que falar de Alonso Barros? Se em SWEET CHARITY Alonso ousou introduzir uma verdadeira batucada em I'M A BRASS BAND, em O MAGICO DE OZ ele vai alem, fazendo explodir nada mais nada menos do que o nosso BRASILEIRINHO no final do solo do homem de lata ( Nicola Lama) em IF I ONLY HAD A HEART. Adorável! Adorável também o THE JITTERBURG pontuado por referencias coreográficas ao grande Jack Cole ( e consequentemente a Bob Fosse), culminando no desempenho fantástico de Helcio Mattos como " O Besourão". Dignos de aplausos são também Marcelo Castro (Direção Musical e Regência),Paulo Cesar Medeiros (iluminação) e Beto Carramanhos (visagismo).

Malu Rodrigues é uma Dorothy apaixonante, dona de uma voz belíssima e sensibilidade à flor da pele para transformar em SEU, um papel que já teve uma grande e inesquecível DONA. Excelente atriz, Malu já tem o seu lugar assegurado entre as grandes estrelas do Teatro Musical Brasileiro. Lucio Mauro Filho, Pierre Batelli e Nicola Lama estão impagáveis como o Leão, o Espantalho e o Homem de Lata, numa homenagem explícita à tradição dos grandes comediantes brasileiros de todos os tempos, aqueles que não temiam chegar até ao povo, até mesmo porque a voz do povo sempre foi a voz de Deus. Luis Carlos Miele empresta sua condição de ícone vivo do show business brasileiro para criar o próprio Mágico. E o faz com seu charme habitual, sua simpatia, seu grande talento. André Falcão retorna felizmente ao lugar de onde nunca deveria ter saído: os palcos de nosso teatro musical. Dono de uma voz invejável (já demonstrada em espetáculos como CRISTAL BACHARACH e A OPERA DO MALANDRO) André dá vida a seu Tio Henry e o Guarda da Cidade das Esmeraldas com competência e talento. Sua participação em MERRY OLD LAND OF OZ é extremamente marcante. Bruna Guerin como Glenda e Tia Em é uma delicada e encantadora presença, acompanhada de uma belíssima voz. Maria Clara Gueiros é o exemplo vivo de "there is no place like home", já que o palco é de fato a sua casa, lar que ela conhece todos os caminhos e recantos. Seu desempenho vai da força popular de uma Derci Gonçalves, passando por Sophie Tucker, Fanny Brice até chegar à Bette Middler. Um ponto alto de O MAGICO DE OZ sem dúvida alguma é sua contribuição poderosa como Almira Gultch e a Bruxa Má do Oeste. Brava! O elenco de apoio, atores, cantores, bailarinos foram escolhidos a dedo e complementam esta celebração inesquecível.

O MAGICO DE OZ é o espetáculo mais caro já produzido no Brasil, garantem as cifras. Claro, que um gordo orçamento pode ajudar e muito. Mas de que serviriam tantos recursos se fossem entregues em mãos erradas? Charles Möeller e Claudio Botelho mais uma vez provam que continuam imbatíveis como nossos indiscutíveis Reis dos Musicais. Agora é esperar que os arco-iris de outra terra mítica, as Minas Gerais, despontem nos céus do Teatro Brasileiro, para mais uma noite de encantamento e prazer. E vida longa a esse esfuziante MÁGICO DE OZ. Um espetáculo que, com certeza, muitos vão se lembrar para sempre.



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