Review: A NOVICA REBELDE (The Sound of Music) Still Strikes The Right Note and Fascinates After All These Years

By: Apr. 10, 2018
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Colaborou Déborah Erlichman

Review: A NOVICA REBELDE (The Sound of Music) Still Strikes The Right Note and Fascinates After All These Years Since making his Broadway debut in 1959, The Sound of Music (A Noviça Rebelde) has become a singular phenomenon. No other show has achieved such a lasting trajectory of success as one of this musical, inspired by the true love story between a young novice and a widowed captain, father of seven. After winning eight Tony Awards, the stage production generate the five-time Oscar©-winning film (1965) - including Best Picture - and settled forever into the affective memory of generations to come. A new version of this classic is in theaters from March 28 at Teatro Renault, directed by Charles Möeller and Claudio Botelho.

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Malu Rodrigues as Maria Von Trapp
photo by Mare Martin

Era uma vez... há quase 60 anos atrás, estreava nos palcos da Broadway o último grande conto de fadas escrito na nossa época. Situado num reino distante, num palacete cercado de montes cobertos de neve, ele nos conta a história de uma doce governanta que conquista os corações de uma cambada de crianças recalcitrantes e seu rigoroso pai, e quando os nazistas entram em cena, são obrigados a fugir pelos Alpes em direção à América.

Assim é The Sound of Music (A Noviça Rebelde), o segundo musical de maior duração na Broadway nos anos 50 (estreou em 16 de novembro, de 1959, perfazendo 1.443 apresentações) que também marcou o 35º e último trabalho de Oscar Hammerstein, II, que morreria nove meses após a estreia (ele já havia sofrido uma operação emergencial de câncer durante os ensaios e sua última letra foi para a canção 'Edelweiss'). Primeiramente pelo ímpeto do diretor Vincente J. Donehue, a história foi adaptada como um veículo para a estrela Mary Martin (que viveu alguns anos num sítio em Goiás e era a mãe de Larry Hagman, o JR de Dallas e o Major Nelson, de Jeannie é Um Gênio) a partir de The Trapp Family Singers, biografia de Maria Von Trapp, e também da versão alemã do filme Die Trapp-Familie (1956) que teve uma continuação Die Trapp-Familie in Amerika (1958). O marido de Miss Martin, Richard Halliday, e Leland Hayward tornaram-se sócios patrocinando o projeto, e Howard Lindsay e Russell Crouse foram encarregados de escrever o libreto. Inicialmente eles planejavam usar somente a autêntica música cantada pelos Trapps em seus concertos além de uma canção original que seria fornecida por Richard Rodgers & Oscar Hammerstein, II. Quando os compositores torceram o nariz para este arranjo, a eles foi pedido que contribuíssem com todo o score e acabaram por se juntar a Lindsay e Crouse como produtores.

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Do-Re-Mi: Maria and Children
photo by Mare Martin

O musical situado em 1938 tem lugar em Salzburgo, no Tirol Austríaco. Maria Rainer (Malu Rodrigues), uma espevitada postulante à Abadia Nonnberg é repreendida por suas superiores por sua inclinação em se retirar para as montanhas para escutar o som da música ('The Sound of Music'). A pedido da Madre Superiora (Gottsha) Maria é empregada como babá das sete crianças do rico e autocrata Capitão Georg Von Trapp (Gabriel Braga Nunes). Maria logo ganha a afeição de seus tutelados - em parte por ensiná-los canções como 'Do-Re-Mi', 'The Lonely Goatherd', 'So Long, Farewell' e 'My Favorite Things'. Embora Von Trapp seja inclinado à proeminente Baronesa Elsa Schraeder (Alessandra Verney), ele e Maria se apaixonam e se casam. Sua felicidade, no entanto, é quase que imediatamente estilhaçada pela invasão alemã na Áustria. A família Von Trapp, que começava a ser celebrada por seus concertos amadores, dá uma última exibição antes prestando atenção à mensagem de 'Climb Ev'ry Mountain' (Escalar Cada Montanha) e escapar pelos Alpes até a segura Suíça (na verdade eles não caminharam até a Suíça a 160 km de sua casa, mas foram tranquilamente de trem até a Itália, que estava mais perto, e Maria e Georg viveram casados por 10 anos antes da Anschluss). Um sub-enredo trata do romance adolescente entre Liesl (Larissa Manoela), a filha do capitão, e Rolf Gruber (Diego Montez) um nazista incipiente.

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The Von Trapps
photo by Mare Martin

O musical acabou concorrendo a nove Tonys vencendo nas categorias de Melhor Musical, Melhor Atriz, Melhor Atriz Coadjuvante (Patrícia Neway, sendo que Lauri Peters também foi indicada em nome das crianças), Cenário (Oliver Smith) e Direção Musical (Frederick Dvonch). Em 1965 viria a famosa versão cinematográfica. Com o título nacional de A Noviça Rebelde se tornaria um dos filmes mais queridos de todos os tempos e para muitos melhor ainda do que a versão dos palcos. Sendo o segundo papel de Julie Andrews para o cinema, do elenco também fizeram parte Christopher Plummer (o Capitão Von Trapp, dublado por Bill Lee), Peggy Wood (a Madre Superiora, dublada por Margery McKay) e Marni Nixon (que sempre dublava cantoras como Natalie Wood, Deborah Kerr e Audrey Hepburn e aqui canta ela mesma como uma das freiras). Com momentos inesquecíveis como a tomada aérea da abertura com a música-tema 'The Sound of Music', as crianças cantando 'Do-Re-Mi' pelas ruas de Salzburgo, o emocionante 'Edelweiss', ou o divertido 'My Favourite Things' o filme se tornou cult. Tão cult que na Holanda, Inglaterra, Austrália e Estados Unidos surgiram sessões de sing-a-long, aonde a plateia vai fantasiada como algum personagem ou 'coisa' que remeta ao filme, cantando as músicas e interagindo em determinados momentos juntamente com a película. Este evento que é apresentado anualmente, desde 2005, no Hollywood Bowl, em Los Angeles, foi trazido para o Brasil por mim e pelo crítico de cinema Rubens Ewald Filho, em 2006, no Teatro Folha, de São Paulo. Lá em Los Angeles é muito comum aparecerem as "crianças" Von Trapp ainda vivas (ou seus descendentes) e algumas das "crianças" do filme, hoje na faixa dos 70 anos. Apelidado de "The Rocky Horror Show com Prozac" o evento tem sempre seus ingressos esgotados. O filme concorreu a 11 Oscars© vencendo os de Mellhor Filme, Direção (Robert Wise), Montagem, Som e Trilha Sonora.

É claro que um musical assim tão popular foi montado no mundo inteiro com muitas remontagens americanas e inglesas. Em 1981, por exemplo, tivemos Petula Clark, como Maria, numa remontagem londrina. Em 1998 quem reviveu este papel na Broadway foi Rebecca Luker, enquanto Richard Chamberlain fazia o Capitão. Esta produção ganhou um Tony de Melhor Remontagem. Porém as mais originais ocorreram em 2006, em Londres, e em 2007 em Salzburgo. Na londrina, Maria foi escolhida através de um reality show chamado 'How Do You Solve a Problem Like Maria?', produzido e estrelado por Andrew Lloyd Webber. A mais votada pelo público foi Connie Fisher e o musical ficou em cartaz até fevereiro de 2009. A de Salzburgo teve uma versão completamente feita com marionetes e durou até dezembro de 2008.

Em maio de 2008, no Rio de Janeiro, A Noviça Rebelde reabriu o Teatro Oi Casa Grande, e com a grife Claudio Botelho & Charles Möeller tivemos um espetáculo impecável e elegantíssimo nos cenários, figurinos e iluminação. Tínhamos Herson Capri como o Capitão Von Trapp e Kiara Sasso como Maria.

Dez anos depois desta encenação a dupla Möeller & Botelho se supera nos entregando uma direção perfeita, onde se percebe nitidamente o cuidado e o carinho com o que estão fazendo assim como uma escalação de elenco dos sonhos. Não se trata de mera réplica do que já foi feito, e sim algo completamente novo. Não será exagero meu falar que esta montagem, que acabou de abrir as cortinas em São Paulo, no Teatro Renault, não é só uma das produções mais caprichadas e sofisticadas que assisti nos últimos tempos, tanto aqui quanto fora, como provavelmente as futuras produções de musicais nacionais a terão como referência.

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Alessandra Verney (Baronesa Elsa Schraeder) and Marcelo Serrado (Max Detweiler)
photo by EduardoAnizelli/FolhaPress

O elenco de primeiríssima categoria é encabeçado por Malu Rodrigues que sem dúvida vem se destacando cada vez mais como uma das melhores cantrizes de musicais do país, com sua bela voz e um physique du rôle perfeito para Maria, trazendo espirituosidade e sagacidade, dando credibilidade e empatia para o papel. Sua dicção clara e sem afetação dão brilhantismo a sua atuação dando facetas inéditas para este personagem icônico da Broadway e das telas.

Um grande achado foi escalar Marcelo Serrado como o Tio Max. Ele simplesmente rouba o show, e no número 'O Que é Que A Gente Faz?' (How Can Love Survive?), onde canta em dueto com Alessandra Verney temos um exemplo da inspirada versão nacional de Claudio Botelho dando às músicas um tom claro, vigoroso, elevado e divertido. A exemplo de Malu, Alessandra Verney que faz a Baronesa Elsa Schraeder, também cria uma personagem totalmente nova, mais humana sem cair na vilã caricata. A gente chega a torcer para que ela encontre um partidão em Viena e seja feliz para sempre!

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Diego Montez (Rolf) and Larissa Manoela (Liesl)
photo by Divulgação

Um luxo também foi a escalação inusitada de Gottsha para o papel da Madre Superiora. Com sua voz de soprano e atuação ela nos emociona. As crianças, escolhidas a dedo, também dão um show, e é claro que temos Larissa Manoela que na montagem anterior foi a pequena Gretel, agora como a filha mais velha Liesl, mostrando porque é considerada a estrela teen do momento.

Mas como dizem, muitas vezes "o segredo está nos pequenos detalhes":
- Na escalação de Nabia Vilella e Roberto Arduin, interpretando a governanta Frau Schmidt e o mordomo Franz, dois personagens tradicionalmente sem maior destaque que aqui ganham muita vida;
- Nas novas orquestrações e na qualidade da orquestra pelo diretor musical e regente Marcelo Castro;
- Nas atrizes que fazem as freiras, reunindo algumas das melhores vozes femininas do teatro musical;
- Nas belíssimas projeções tão bem colocadas da Maze FX que vão tomando magicamente conta dos cenários;
- Nas coreografias de Alonso Barros evocando todas as lembranças que você possa ter dessa história;
- Na renda do vasinho, na topearia, na fonte jorrando água, no mobiliário e num cenário luxuoso de David Harris, que não apenas captam a magnificência do filme, mas também aproveitam a grandiosidade do palco;
- No desenho de luz de Drika Matheus que em determinado momento transforma todo o Teatro Renault na Abadia de Nonnberg;
- Nas nuances de vermelho do vestido da Baronesa com o detalhe do sapato tipo Oxford que se usava na época, nas pelerines masculinas de inverno, que são só uma parte do requintado figurino de época a cargo de Simons Wells.

Se alguém assistiu a um único musical nesses últimos 50 anos, seja no palco ou no cinema, ele foi A Noviça Rebelde, o favorito de reprise na televisão na época das festas de fim de ano. É bem provável que por isso faça parte das nossas vidas, seja um de nossos 10 filmes prediletos e esteja enraizado na cultura popular. Tem gente que jura que 'Do-Re-Mi' e 'Edelweiss' são canções folclóricas. 'My Favourite Things' pode tanto ser encontrado no histórico álbum jazzístico de John Coltrane, de 1960, quanto numa gravação de hip hop do Outcast. Gwen Stefani usa 'The Lonely Goatherd' num remix (2006). Muitos comerciais de TV usaram suas músicas assim como alguns seriados. A Noviça já foi citada em Seinfeld, Friends, Will & Grace, The OC, Simpsons, Uma Família da Pesada, Charmed, Muppets Show e muito outros. Aqui no Brasil inspirou o nome do saudoso programa da TV Record A Família Trapo (1967) e na novela Cambalacho (1986), de Sílvio de Abreu, as crianças de rua colhidas por Naná (Fernanda Montenegro) tiveram seus momentos de crianças Von Trapp. Até mesmo Renato Aragão não perdoou e cometeu o filme O Noviço Rebelde (1997). No cinema foi mencionada ou parodiada em centenas de filmes como Dança no Escuro (2000 - Björk faz teste para Maria na produção do teatro comunitário), Hairspray (2007 - no final o vestido de Penny foi feito com a cortina de Amanda), True Lies (1994 - o austríaco Schwarzenegger assovia 'Edelweiss' no banheiro) e em Submarino Amarelo (1968 - num diálogo entre o Chief Blue Meanie e Max).

Por tudo isso e um pouco mais A Noviça Rebelde continua nos emocionando com sua história universal e como em todos os contos de fada continua feliz - e nos fazendo felizes - para sempre.

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The Sound of Music full cast
photo by Mare Martin


'A NOVIÇA REBELDE' ('The Sound of Music')

Música de Richard Rodgers e letra de Oscar Hammerstein II
Libreto de Howard Lindsay e Russel Crouse

Um espetáculo de Charles Möeller & Claudio Botelho
Versão Brasileira: Claudio Botelho
Direção: Charles Möeller

Elenco:
Malu Rodrigues (Maria)
Gabriel Braga Nunes (Capitão Georg Von Trapp)
Marcelo Serrado (Max Detweiler)
Larissa Manoela (Liesl)
Alessandra Verney (Baronesa Elsa Schraeder)
Diego Montez (Rolf)
Gottsha (Madre Superiora)
Marya Bravo (Irmã Berthe)
Luiz Guilherme (Herr Zeller)
Nabia Vilella (Frau Schmidt)
Marianna Alexandre (Liesl / Alternante)
Roberto Arduin (Franz)
Fabio Barreto (Barão Elberfeld)
Carlo Porto (Almirante Von Schreiber)
Raquel Antunes (Irmã Margaretta)
Jana Amorim (Irmã Sophia)
Marcelo Ferrari (ensemble)
Thiago Petirrari (ensemble)
Lara Suleiman (swing feminino)
Andrei Lamberg (swing masculino)
Leonardo Cidade (Friedrich)
Nicolas Tulchesky (Friedrich)
Beatriz Dalmolin (Louisa)
Gigi Patta (Louisa)
Melissa Hendrick (Louisa)
Dudu Ejchel (Kurt)
Michel Singer (Kurt)
Nicolas Cruz (Kurt)
Bia Brumatti (Brigitta)
Martha Nobel (Brigitta)
Valentina Oliveira (Brigitta)
Catharina Colela (Marta)
Giovanna Lodes (Marta)
Lorena Queiroz (Marta)
Danny Prince (Gretl)
Laura Pavan (Gretl)
Maria Eduarda Agois (Gretl)
Freiras: Ana Catharina Oliveira, Ana Luiza Ferreira, Chiara Gutierri, Laura Visconti, Lia Canineu, Luiza Lapa, Talita Silveira e Vânia Canto.

Direção de Produção: Vinícius Munhoz
Coordenação Artística: Tina Salles
Cenógrafo: David Harris
Figurinista: Simon Wells
Direção Musical: Marcelo Castro
Direção Residente: Glaucia da Fonseca
Coreógrafo: Alonso Barros
Visagista: Simone Momo
Design de Som: Marcelo Claret
Design de Luz: Drika Matheus
Design de Projeção: Maze FX
Produção: Atelier de Cultura e M&B

SERVIÇO:
Temporada: de 28 de Março a 27 de Maio de 2018
Local: Teatro Renault - Av. Brigadeiro Luis Antônio, 411 - Bela Vista - São Paulo - SP
Sessões de quarta a domingo: Quartas, Quintas e Sextas, às 21h. Sábados, às 16h e 21h. Domingos, às 15h e 20h.
Vendas em:
http://premier.ticketsforfun.com.br/
Bilheteria Oficial (sem taxa de conveniência): Teatro Renault - Av. Brigadeiro Luis Antônio, 411 - Bela Vista - São Paulo - SP

Ingressos variam de R$ 75 a R$ 310
Duração: 2h45min
Classificação Etária: Livre



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